No ano de 1976, passageiros de vôos comerciais passaram a ter acesso a um novo tipo de viagem aérea. Nesse ano, decolou a primeira aeronave supersônica para viagens civis, o Concorde. O acesso a aeronaves supersônicas por cidadãos comuns gerou previsões bastante otimistas para o desenvolvimento dessa tecnologia no futuro. Porém, após aproximadamente 30 anos de operação, devido a diversos fatores, o Concorde encerrou suas atividades. Neste artigo, abordaremos um pouco mais sobre essa história e sobre as expectativas do mercado para o retorno de aviões supersônicos em vôos comerciais. Vamos lá?
A aeronave Concorde e as motivações que a fizeram parar de operar
O Concorde foi produzido em uma parceria entre a empresa britânica British Aircraft Corporation e a empresa francesa Aérospatiale. Ele realizou vôos comerciais entre 1976 e 2003 pelas companhias Air France e British Airways. Enquanto aviões comerciais comuns faziam a viagem de Nova Iorque e Londres em aproximadamente 8 horas, o Concorde fazia o mesmo trajeto em apenas 4 horas. Ele atingia a velocidade supersônica Mach 2, ou seja, duas vezes maior que a velocidade do som.
Para chegar a essa velocidade, a aeronave precisava atingir a altitude de 60000 pés, tornando possível visualizar, de suas janelas, a curvatura da Terra. Esse fato extraordinário não é possível em aeronaves regulares, cuja altitude de cruzeiro gira em torno de 30000 pés.
Apesar de tantas vantagens, o preço de suas passagens (ida e volta) era de aproximadamente 9000 dólares. Maior do que o preço de uma passagem em primeira classe naquela época. Além disso, o Concorde gerava muita poluição sonora para atingir suas condições de operação.
No ano 2000, o Concorde teve seu primeiro acidente fatal. Após decolar em Paris, um rompimento no tanque de combustível causou a queda da aeronave, matando 113 pessoas. Por conseqüência, em 2013, a British Airways e Air France decidiram encerrar juntas a era dos vôos comerciais do Concorde.
Configuração da nova aeronave supersônica
Depois de 15 anos sem vôos comerciais supersônicos, a Boom Supersonic, empresa norte americana, está trabalhando em um novo avião comercial de passageiros, o primeiro após a aposentadoria do Concorde.
A empresa enfrenta o grande desafio de reduzir os custos operacionais de um vôo supersônico. Por outro lado, desenvolve tecnologias que visam otimizar a eficiência dos motores. Além disso, a Boom investe em materiais mais modernos, como os materiais compósitos, que são muito mais resistentes e seguros que o alumínio quando expostos a altas temperaturas.
As novas aeronaves possuirão apenas 55 lugares, enquanto o Concorde acomodava 110 passageiros. Assim, a Boom poderá realizar vôos com a aeronave completa, enquanto o Concorde raramente ocupava todos os seus assentos.
Economia de tempo entre trechos como São Paulo X Nova Iorque e custo de uma passagem
A previsão do tempo de viagem em um avião da Boom entre Nova Iorque e Londres, cuja distância é de aproximadamente 5567 quilômetros, é de 3 horas e 15 minutos, menor que o tempo de 4 horas do Concorde.
Assim, uma viagem São Paulo a Nova Iorque, cuja distância é de 7.694Km, duraria em torno de 04:30hs. Atualmente, em aeronaves comerciais comuns, esse vôo dura cerca de 10 horas.
Apesar do preço das passagens ser definido pelas companhias aéreas, o objetivo da Boom é oferecer passagens a preços que o consumidor acostumado a viajar em primeira classe esteja disposto a pagar. Apesar disso, o objetivo a longo prazo da empresa é diminuir progressivamente seus custos operacionais, para que suas passagens fiquem cada vez mais baratas e acessíveis.
O que levou o CEO da Boom a acreditar que ele venderá grande quantidade de aeronaves supersônicas?
Com o objetivo de viabilizar vôos supersônicos a preços reduzidos, a empresa Boom Airlines tem atraído cada vez mais investidores. A empresa japonesa Japan Airlines Co Ltd investiu 10 milhões de dólares. Também ofereceu apoio tecnológico à Boom e anunciou a possibilidade de adquirir mais de 20 aeronaves em um futuro próximo.
Ademais, cinco empresas já encomendaram antecipadamente 76 aeronaves da Boom Airlines. Apenas a empresa Virgin Atlantic é responsável pela pré-encomenda de 10 unidades.
Investidores altamente qualificados e companhias aéreas globais estão se interessando e investindo cada vez mais na Boom, que levantou US$ 51 milhões em capital em 2017.
Dessa forma, não só o CEO da Boom como seus investidores têm várias razões para acreditar que a companhia venderá grande quantidade de aeronaves. A Boom pretende começar a operar em meados de 2020.
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