Um dos principais alicerces do saneamento verde, é o saneamento basico, um direito humano essencial, que garante a saúde, a dignidade e a qualidade de vida das pessoas. No entanto, no Brasil, ainda há um grande déficit de acesso a esse serviço, que afeta milhões de brasileiros, especialmente nas áreas rurais e periféricas. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2020, apenas 54% da população tinha acesso à coleta de esgoto, e 83% à água tratada. Além disso, o saneamento convencional, baseado em processos químicos e mecânicos, gera impactos ambientais negativos, como a emissão de gases de efeito estufa, o consumo de energia e a geração de resíduos sólidos.
No cenário abordado, destaca-se o conceito de Saneamento Verde, que preconiza a implementação de soluções fundamentadas na natureza para o tratamento integrado, eficiente e ecológico de água e esgoto. Essas abordagens inovadoras incorporam o uso de plantas, microrganismos, solo e rochas, desempenhando a função de filtros naturais. Dessa forma, eliminam impurezas e poluentes da água, prescindindo totalmente de produtos químicos ou equipamentos complexos. Como resultado, obtém-se uma água limpa e segura, passível de ser reutilizada para diversos propósitos, como irrigação, paisagismo, lavagem de veículos, entre outras atividades.
Benefícios do Saneamento Verde
O Saneamento Verde apresenta diversos benefícios, tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade. Entre eles, podemos destacar:
Redução das emissões de gases de efeito estufa:
Nesse sentido, a queima de combustíveis fósseis e a liberação de metano que são gerados pelo saneamento convencional, são evitadas com o saneamento verde. Além disso, há a captura de carbono da atmosfera através das plantas utilizadas no processo, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Estima-se que ele possa reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90% em relação ao saneamento convencional.
Economia de energia e de recursos hídricos:
O uso de bombas, motores, aeradores e outros equipamentos que consomem energia elétrica, são dispensados com o saneamento verde. Há também a redução de demanda por água potável, ao promover o reuso da água tratada. Estima-se uma economia de até 80% de energia e até 50% de água em relação ao saneamento convencional.
Valorização paisagística e estética:
Áreas verdes, que embelezam o ambiente e proporcionam bem-estar aos moradores são criadas com o saneamento verde. Essas áreas também podem servir como espaços de lazer, educação ambiental bem como o turismo ecológico. Ele pode aumentar o valor dos imóveis em até 20%, devido à melhoria da qualidade ambiental e visual.
Geração de emprego e renda:
Ele não apenas estimula, mas também impulsiona a criação de novas oportunidades de trabalho e de negócios, diretamente vinculadas à implantação, manutenção e gestão dos sistemas de tratamento. Além disso, promove um significativo fomento ao desenvolvimento local, contribuindo para a elevação da qualidade de vida e aprimorando a atratividade das regiões abrangidas.
Ao adotar práticas sustentáveis, ele emerge como um propulsor econômico, capaz de gerar empregos em larga escala. Este setor pode, inclusive, propiciar até 10 vezes mais oportunidades de trabalho do que o saneamento convencional. Tal fenômeno decorre da crescente demanda por uma mão de obra qualificada e diversificada, evidenciando a natureza dinâmica e inclusiva desse modelo inovador.
Aplicações do Saneamento Verde
- O Saneamento Verde pode ser aplicado em diferentes contextos, de acordo com as necessidades e as características de cada local. Veja alguns exemplos:
- Nas residências: Através do tratamento do esgoto doméstico, proveniente de pias, chuveiros, vasos sanitários, etc. Uma das técnicas mais utilizadas é o wetland construído, que consiste em um tanque impermeabilizado, preenchido com substrato e plantas aquáticas, que filtram a água e removem os contaminantes.
Jardim filtrante em residência – https://wetlandsbrasil.com.br
- Nas indústrias: No tratamento de efluentes industriais, que contêm substâncias tóxicas, como metais pesados, solventes, corantes, etc. Uma das técnicas mais utilizadas é o fitorremediação, que consiste no uso de plantas específicas, que absorvem, degradam ou imobilizam os poluentes presentes na água.
Jardim filtrante na L’oreal Shangai – https://phytorestore.com.br/
Nas cidades: No tratamento de águas pluviais, que carregam sujeira, lixo, óleo e outros resíduos das ruas e das calçadas. Uma das técnicas mais utilizadas é o jardim de chuva, que consiste em uma depressão no terreno, coberta com plantas e pedras, que retém e infiltra a água da chuva, evitando enchentes e contaminação dos rios e lagos.
Jardim filtrante em Pernambuco – https://www.diariodepernambuco.com.br
Conclusão
O Saneamento Verde é uma alternativa sustentável para o tratamento de água e esgoto. Ele utiliza soluções baseadas na natureza, de forma integrada, eficiente e ecológica. Essa abordagem traz benefícios para o meio ambiente e para a sociedade como por exemplo:
- a redução das emissões de gases de efeito estufa,
- economia de energia e recursos hídricos,
- valorização paisagística e estética,
- a geração de emprego e renda,
- entre outros.
A aplicação em diferentes contextos, como nas residências, nas indústrias e nas cidades, de acordo com as necessidades e as características de cada local são possiveis através do Saneamento verde. Ele é, portanto, uma solução que transforma o esgoto em jardim, e o jardim em vida.
